percorreu com a ponta dos dedos os longos cabelos molhados, da raiz até as pontas, desembaraçando demoradamente mecha por mecha. não tinha pente. era assim que escovava os cabelos.
desfez o nó da toalha velha e já um pouco áspera para trocá-la por algo mais apresentável. tateou a cama em busca do vestido quente de bem passado e nele mergulhou, deixando que a seda acariciasse seus quadris ainda nus. a sensação era tão inebriante que pensou duas vezes se colocaria mesmo algo por debaixo. achou por bem não abusar na ousadia e escolheu uma renda antialérgica, mas francesapara não perder o glamour.
deslizou macio o batom pela boca e pegou os anéis em cima da cômoda, onde ficavam protegidos de descascar sob a água clorificada e cheia de impurezas das grandes metrópoles. passou a mão pelas próprias curvas sentindo-se divina, respirou fresco os últimos instantes de autoencantamento e finalmente colocou o par de óculos.